Ecologia é poesia, 2021
Objeto. Taça de vidro, areia colorida.
[ Minha querida, isso de ecologia é poesia ]
Frase proferida por um engenheiro da
Prefeitura de Fortaleza, responsável pela obra
da pista que corta o caminho de uma duna
móvel, a CE-010. Na época da construção, ele
respondeu com a frase acima aos apelos da
consultora ambiental Magda Maya, que pediu
para repensar a execução da via em pleno
parque ecológico de proteção ambiental na
localidade de Sabiaguaba, no meio da
passagem da duna. Hoje, 2021, a duna avança
implacável sobre a pista, a ponto de causar
acidentes, ao que o município responde
retirando caminhões de areia, algo
expressamente proibido pela legislação
ambiental. São toneladas de areia sendo
removidas em um trabalho de sísifo,
interminável, pois há um parque inteiro de
dunas para passar por aquele caminho.
Este trabalho é um comentário de pesar, sobre o cenário exposto acima. Por meio da estética popular, na maneira como artesãos locais se
relacionam com as areias da praia (no formato de desenhos de areia colorida dentro de vidros), insiro a frase em questão, além de outras
frases que surgiram durante a pesquisa. A escolha da taça, e não outro pote de vidro qualquer, vem novamente da relação com a ideia
"dessas pessoas da sala de jantar” alheias ao seu impacto no mundo. A pesquisa na duna da Sabiaguaba iniciou-se a convite da artista
Cristina Vasconcellos, cuja investigação acerca desta duna ocorre há alguns anos.
Naiana Magalhães